Um dos filmes mais marcantes que assisti recentemente foi L’Apollonide - os amores da casa de tolerância, que conta a história de um típico
prostíbulo parisiense do início do século XX prestes a fechar
suas portas. O filme, indicado ao Les César 2012 (o Oscar Francês), oscila entre o documentário e a ficção, entre a crônica e o
romance, entre a reconstrução estética desse mundo decadente e sua
crítica implícita, entre o mundo fechado como uma prisão e o local de
prazer dos burgueses.
O cineasta Bertrand Bonello diz ter se inspirado na pintura e na literatura francesas do
século XIX, assim como em arquivos policiais e documentos
"científicos", especialmente um estudo sobre a suposta reduzida
capacidade cerebral de prostitutas e criminosos.
O figurino, impecável, foi pesquisado e discutido com nomes famosos do mundo da moda. Em entrevista a Donatien Grau, Bonello diz que uma das obsessões dele, ao realizar o filme, foi encontrar roupas pesadas, que caracterizassem bem a época. Ele não se importava se os atores iam ‘derreter” dentro das roupas, o importante era que eles vestissem muitas camadas de tecido, pois no momento em que eles levantassem os braços, por exemplo, isso teria que acontecer progressivamente, e não de uma vez. Segundo ele, para que a performance do ator seja real, neste caso, temos que sentir que o corpo carrega um peso e se move com mais dificuldade.
O clima do filme é denso, são duas horas do longa-metragem mostrando uma realidade nua e crua da luxúria, paixões instantâneas e
comportamentos sexuais entre as cortesãs e seus clientes. O cotidiando desgastante e sem maiores esperanças de
Pauline (Iliana Zabeth), Madeleine (Alice Barnole), Samira (Hafsia
Herzi), Julie (Jasmine Trinca), Clotilde (Céline Sallette), Léa (Adele
Haenel) e Marie-France (Noémie Lvovsky) pode chegar a incomodar aos
espectadores, mas é um filme para se apreciar do primeiro ao último
minuto, especialmente por seus elogiados figurinos e fotografia.
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