Friday, October 29, 2004
Há muito o coração dela não dava saltos como naquele momento. Havia alguma coisa errada. A simples visão daquele rapaz de cabeça raspada, jeans e camiseta surrada não podia estar fazendo tudo isso. Aquele sentimento, que ela não vivia há exatos oito anos (oito anos de casada) estava deixando-a confusa e amedrontada. Ela pensou em fugir. Olhou ao redor, mas ele já estava estendendo as mão e dizendo “muito prazer”. Aí já era tarde demais. Ela tocou as mãos dele e sabia que nada mais podia ser feito. As palavras que vieram depois não estavam nítidas para ela, que rodopiava num furacão de emoções. Ela nem ouviu o nome dele. Mas ela já via o plano perfeito que o destino havia traçado: no dia 26 de novembro, ao completar oito anos do seu segundo casamento (nem sorte no amor, nem no jogo...) uma tremenda confusão iria se instalar em sua vida. Ela já via o tumulto, os telefonemas, os sussurros, o medo, o frio na barriga... Enquanto ele falava, ela ia visualizando as escapadas, as mensagens proibidas no celular, uma conta nova de e-mail no Yahoo, a nova lingerie que ela iria comprar. O sorriso dele dava a ela mais certeza de que a primeira iria ser vermelha.Pura paixão. Avassaladora. Daquelas que se esvaem totalmente quando todos os recursos se esgotam. “Só falta ele ser sagitariano...”, ela pensava e já escolhia o cartão que viria junto com o primeiro presente para ele: um boné bem fashion, que o faria parecer deliciosamente moleque. “Quantos anos ele tem ?” era a dúvida latente dela. Ele dizia que já havia trabalhado ali mas que o contrato dele havia acabado. Antes que ela perguntasse o que ele fazia na sala de aula naquele momento ele disse que estava substituindo alguém que adoecera.De repente o assunto era outro e ela não acompanhava o ritmo dele. A vida cor-de-rosa que se instalara em sua mente já estava se transformando num aroma embriagante e ela se deixou levar. Porém, ao ouvir a palavra aniversário ela acordou. De quem ? Ele falava que iria viajar para o exterior no próximo aniversário dele...Quando ? Ela soube que seria em maio. Que dia ? Dia dez. “Então você é taurino.” Ela murmurou com a boca seca, ânsia de fugir dali o mais depressa possível. Era o que ela devia ter feito bem no começo.“Sou !” ele disse sorridente. O sorriso dele estava amarelo, os dentes estragados, o boné já não cairia bem mais. “Bem, foi um prazer te conhecer” ela conseguiu dizer. “Até um dia”. E foi embora antes que sua vida se desmoronasse pela terceira vez.
Há muito o coração dela não dava saltos como naquele momento. Havia alguma coisa errada. A simples visão daquele rapaz de cabeça raspada, jeans e camiseta surrada não podia estar fazendo tudo isso. Aquele sentimento, que ela não vivia há exatos oito anos (oito anos de casada) estava deixando-a confusa e amedrontada. Ela pensou em fugir. Olhou ao redor, mas ele já estava estendendo as mão e dizendo “muito prazer”. Aí já era tarde demais. Ela tocou as mãos dele e sabia que nada mais podia ser feito. As palavras que vieram depois não estavam nítidas para ela, que rodopiava num furacão de emoções. Ela nem ouviu o nome dele. Mas ela já via o plano perfeito que o destino havia traçado: no dia 26 de novembro, ao completar oito anos do seu segundo casamento (nem sorte no amor, nem no jogo...) uma tremenda confusão iria se instalar em sua vida. Ela já via o tumulto, os telefonemas, os sussurros, o medo, o frio na barriga... Enquanto ele falava, ela ia visualizando as escapadas, as mensagens proibidas no celular, uma conta nova de e-mail no Yahoo, a nova lingerie que ela iria comprar. O sorriso dele dava a ela mais certeza de que a primeira iria ser vermelha.Pura paixão. Avassaladora. Daquelas que se esvaem totalmente quando todos os recursos se esgotam. “Só falta ele ser sagitariano...”, ela pensava e já escolhia o cartão que viria junto com o primeiro presente para ele: um boné bem fashion, que o faria parecer deliciosamente moleque. “Quantos anos ele tem ?” era a dúvida latente dela. Ele dizia que já havia trabalhado ali mas que o contrato dele havia acabado. Antes que ela perguntasse o que ele fazia na sala de aula naquele momento ele disse que estava substituindo alguém que adoecera.De repente o assunto era outro e ela não acompanhava o ritmo dele. A vida cor-de-rosa que se instalara em sua mente já estava se transformando num aroma embriagante e ela se deixou levar. Porém, ao ouvir a palavra aniversário ela acordou. De quem ? Ele falava que iria viajar para o exterior no próximo aniversário dele...Quando ? Ela soube que seria em maio. Que dia ? Dia dez. “Então você é taurino.” Ela murmurou com a boca seca, ânsia de fugir dali o mais depressa possível. Era o que ela devia ter feito bem no começo.“Sou !” ele disse sorridente. O sorriso dele estava amarelo, os dentes estragados, o boné já não cairia bem mais. “Bem, foi um prazer te conhecer” ela conseguiu dizer. “Até um dia”. E foi embora antes que sua vida se desmoronasse pela terceira vez.
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